domingo, 3 de setembro de 2023

 … as damas da vindima !

… as mulheres andam curvadas e fazem um ângulo recto com a terra, prenha de videiras… trazem chapéus de palhinha, panamás, bonés, lenços; batas e calças de ganga, saias e jardineiras, são várias as idades que carregam… os braços terminam em luvas amarelas, que permitem ripar os cachos de uva sem magoar os dedos, arrancá-los directamente do caule sem recorrer à tesoura da poda, segura na outra mão… vão cantando estas mulheres, que aparecem e desaparecem entre os valados, a colorir a paisagem verde com as cores dos seus chapéus… os homens aguardam, em tractores com ar condicionado e camionetas, os cestos carregados de uvas que lhes vão passando. … na vindima do Douro não se misturam tarefas entre os sexos, nem dinheiro: os homens ganham sempre mais do que as mulheres, apesar de já não levarem as uvas às costas, só porque são homens… “valem mais”, diz a sabedoria popular… “fazem menos”, rematam em surdina as trabalhadoras curvadas. (...)

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